A proposta da Índia enfatiza o estabelecimento de um mecanismo de financiamento pelo qual as nações desenvolvidas forneceriam assistência financeira e técnica, juntamente com transferências de tecnologia, aos países em desenvolvimento. Essa iniciativa busca garantir uma "transição justa" rumo à produção e ao consumo sustentáveis de plásticos, considerando as vulnerabilidades econômicas de muitas nações em desenvolvimento.
O envolvimento da Índia nessas negociações é particularmente complexo, visto que o país busca equilibrar crescimento econômico com sustentabilidade. Com cerca de 1,65 milhão de pessoas empregadas na indústria do plástico, regulamentações mais rígidas podem comprometer empregos e a estabilidade econômica. Autoridades têm levantado preocupações de que mudanças rápidas em direção à sustentabilidade possam contradizer as prioridades econômicas nacionais.
As negociações são ainda mais complicadas pela resistência de nações ricas em combustíveis fósseis em limitar a produção de plástico, concentrando-se em soluções de gestão de resíduos. Essa dinâmica gera temores de que, sem a redução dos níveis de produção, reduções significativas na poluição por plástico possam permanecer inatingíveis. À medida que a Índia enfrenta esse duplo desafio, a urgência aumenta em vista de potenciais mudanças geopolíticas, especialmente com a aproximação da COP29 no Azerbaijão.
Estatísticas alarmantes destacam a necessidade de ações políticas eficazes: os resíduos plásticos representam cerca de 80% de toda a poluição marinha, com milhões de toneladas métricas chegando aos oceanos anualmente. Um relatório da OCDE de 2022 mostra que apenas aproximadamente 9% dos resíduos plásticos são reciclados de forma eficaz, enquanto o restante acaba em aterros sanitários ou vaza para o meio ambiente.
Em meio a essas discussões, países como Peru e Ruanda defendem cortes agressivos na produção, propondo uma iniciativa "40 por 40" que visa reduzir a produção global de plástico em 40% até 2040. No entanto, a resistência das nações petrolíferas complica essas negociações, pois elas priorizam a manutenção dos níveis de produção atrelados ao uso de combustíveis fósseis.
A posição da Índia, expressa em suas submissões ao INC, enfatiza o princípio da Responsabilidade Comum, porém Diferenciada (CBDR) e se opõe a metas vinculativas para a produção de polímeros plásticos. Isso reflete os interesses econômicos mais amplos da Índia, destacando os riscos de uma transição precipitada para longe das indústrias de plástico.
Mesmo que a Índia inicie esforços nacionais para combater o desperdício de plástico — como a proibição de certos plásticos de uso único e a implementação de um regime de Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR) — os desafios de implementação persistem, com os críticos apontando lacunas significativas e infraestrutura inadequada para coleta e reciclagem de resíduos.
Olhando para o futuro, os resultados da COP29 e as negociações em andamento do INC-5 serão cruciais para moldar as políticas globais sobre produção de plástico e gestão de resíduos. Essas discussões representam um momento crítico para abordar tanto os impactos ambientais do plástico quanto as ramificações econômicas para as nações em desenvolvimento que dependem da produção de plástico. A proposta de financiamento da Índia pode desempenhar um papel significativo no fomento da cooperação internacional em direção a práticas sustentáveis, ao mesmo tempo em que protege os interesses econômicos de sua força de trabalho.
Enquanto os países se reúnem em Busan para finalizar o tratado, o mundo observa atentamente, ciente de que há muito em jogo tanto para as nações quanto para os ecossistemas na luta contra a poluição plástica.
Referência
1.CARBONCOPY(15 de novembro de 2024) |O DILEMA DA ÍNDIA: A CÚPULA DO TRATADO GLOBAL DO PLÁSTICO IRÁ PRESSIONAR PARA ACABAR COM O USO, MAS A QUE CUSTO?
Hindustan Times (27 de novembro de 2024) |Índia sugere proposta de financiamento para eliminação gradual do plástico